Novela da vida real
Bom se tudo na vida fosse igual a último capítulo de novela. Se a gente chorasse nos capítulos anteriores – sem borrar a maquiagem, óbvio – e padecesse de todos os males do mundo sabendo que na sexta-feira à noite, tudo, nos mínimos detalhes, ficaria bem. Tão bem que seria reprisado no sábado, para quem não teve a chance de aplaudir nossa vitória e jubilar-se com nossa felicidade no dia anterior pudesse aplaudir e comentar, sem um pingo de inveja ou maledicência, a nossa glória final.
E conforme a quantidade de aplausos nossa saga fosse mais uma vez reprisada, com garantia de final feliz, no “Vale a pena ver de novo”. Ali as pessoas, mesmo já sabendo do final, mais uma vez se compadeceriam das nossas dores, torcendo por nós. Isso é algo intrigante: a torcida que se faz, já que todos sabem que no último momento dá tudo certo, o mocinho fica com a mocinha, os vilões morrem – e o fato de morrerem revela que pouco se acredita na justiça dos homens, então os autores convocam, invariavelmente, a justiça divina.
Na vida real, não há um último capítulo redentor. Nem a falsa impressão que a partir daquele capítulo todos viveram felizes para sempre. Na vida como ela é, os problemas se acumulam, as mocinhas choram, não tem ninguém para consolá-las e pasmem, a maquiagem borra! E elas acordam no dia seguinte descabeladas e com olheiras e não saídas de um salão de beleza.
Mocinhas da vida real sofrem todas as agruras dignas de folhetim das oito, mas já aprenderam a não esperar para serem felizes no capítulo final. Vão mesclando sofrimento e dor com as pequenas alegrias que a vida nos dá e sendo feliz em suaves prestações.
Há capítulos melhores, outros piores, no drama da vida real. E também não há a torcida de uma nação para que tudo fique bem. Quanto muito há a mãe que telefona para dizer que reza por você e algum amigo que lhe deseja sorte (o que para mim já está de bom tamanho).
Mas o importante é que as mocinhas da vida real aprenderam a não esperar para ser feliz com data marcada. Até porque, a novela da vida real não tem data para acabar, muito menos reprise dos momentos especiais. Cabe então aos protagonistas fazerem de cada capítulo algo inesquecível, digno de ser lembrado, senão no “Vale a pena ver de novo”, mas nas nossas mais secretas lembranças, que juntas, compõe nossa história…
criado por taiana.rossi
domingo, 25 de outubro de 2009
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